segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

GLADIADORES

A sociedade hoje está a produzir muita gente 'armada'. O discurso será na primeira pessoa porque armado como sou não vou deixar os créditos em mãos alheias. Embora apele a solidariedade do caro leitor e por isso mesmo o número gramatical a usar será o plural; para que entendamos todos que o número de gente armada é considerável; mesmo que não seja por mérito próprio, é que somos todos produtos da nossa sociedade!

Começamos mal, sei. Entretanto hoje tendemos a ser mais directos nos discursos, ríspidos e até irónicos, mesmo que seja apenas  para nos sentirem a força. É que desde que a genuína humildade desapareceu, somos todos armados e perigosos! Essa, entendamos a humildade, de tantos maus tratos, traiu os seus próprios princípios. Tanto que a dada altura tornou-se numa humildade ensaiada, armada em mais humilde que todas as humildades do mundo. De tanta infidelidade a si mesma, apanhou uma doença venérea e faleceu, diz-se; ou pelo menos está moribunda, fraquinha, fraquinha.

Somos armados em que somos, armados em que temos, armados em que podemos, armados, em que sabemos, armados em que fazemos e acontece, enfim... Armados em bué, e para completar, a cereja no topo do bolo exigimos humildade uns dos outros.

Mas não vamos falar de todas as armas, mesmo que esteja já armado em conhecedor delas de cor e salteado, mas não; também senão o fizesse seria um armado muito à toa.

Hoje na era informação, triunfou a irmã opinião, pedida e/ou não, pública e/ou privada, escrita e/ou falada; há opinião para trás e/ou para frente, para cima e/ou para baixo, dos lados esquerdo e/ou direito, fraca e/ou forte, tendenciosa e/ou imparcial. Aparece-nos com cada assunto que temos de dar opinião, temos de estar sempre 'en garde', na net então? Só posta quem sabe, só comenta quem sabe mais, todos temos de ter razão, todos sabemos opinar. Nada mal; democracia na área, o que na vida real não é possível; vamos materializar na virtual (kia kia kia kia kia - desculpem, emocionei-me!). Liberdade de expressão avante, talvez. Só que sentimos que muitas vezes, isso quando não é sempre, estamos mais preocupado que o outro aceite já já o nosso ponto de vista, uma vista enublada também as vezes.

Sei que na era da informação tudo é rápido e quem não deu opinião hoje, que desse e ponto final. - Aqui agora é só ponto, e continuação.- Por isso estamos sempre alerta, seja para atacar ou para defender, sem muitas vezes termos tempo de estudar as estratégias de campo, é que pode não ser sequer um ataque... mas enfim, fogo amigo!

Os meios de comunicação transformaram-se em arenas, bem que podiam ser ideológicas, mas não; são arenas de vaidade, quem cita e referencia mais, quem leu mais, quem ouviu mais, quem utiliza mais palavras caras. As tantas perde-se a essência da luta e lutamos por entretenimento, mas nem isso, é que o vermelho sangue não é bem a cor do amor, tornando o espetáculo triste. O público este que se dane se houver, afinal todos são gladiadores..

As armas matam, não tanto o inimigo, porque essas balas nunca são corajosas o suficiente para atacar os verdadeiros inimigos das causas humanas. Escolhem os mais fracos e esquartejamo-los, decapitamo-los e levantamos as cabeças, como se de troféus se tratassem. Mas o mais atentos até têm pena dos gladiadores. Há momentos em que não estamos propriamente numa arena; estamos entre amigos e família, o que acontece é que apesar de armados, quando chega a verdadeira hora da luta, aquela hora H e dia D, as armas nada disparam ou nos apercebemos que sempre foram obsoletas. Touché!

Sinto muito... Mas, até transformarmos a informação em conhecimento precisaremos de muito treino, e o conhecimento em sabedoria, vai ainda um longo caminho de humildade até atingir a máxima socrática de 'Só saber, que nada se sabe'.


Até lá, treinemos... O combate talvez não seja hoje, nem agora; arena não seja esta é o inimigo não seja tu ou eu.