sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Falando de Moda e Tendências

Há muito tempo que o acto de vestir, deixou de ser necessidade de cobrir a nudez e proteger o homem do calor, da chuva, do frio, do vento, da contaminação viral ou bacteriana, do aleijão ou escoriação, para se tornar numa característica da identidade cultural.

Mesmo num mundo globalizado como é o nosso facilmente distinguimos os quimonos japoneses, dos bubús africanos, das burcas árabes ou ainda dos saris indianos. Assim como mudam os estilos de roupa consoante os povos, também vão-se alterando os materiais que se usam para a obtenção dos tecidos que vinham tanto da natureza como linho, algodão e seda quanto de material sintético como nylon ou poliéster.

Na verdade monta-se uma indústria desde a exploração das matérias-primas, criação em alta-costura, produção em série, venda, marcas, marketing, modelos e manequins, fotógrafos, revistas, passando pelos badalados eventos fashion’s em Milão, São Paulo, Tóquio, Paris, Londres, Berlim, Sidney, Cidade do Cabo, Nova Iorque que celebrizaram nomes como os de Gianni Versace, Yves Saint Laurent, Tommy Hilfigher, Gizelle Bundchen, Naomi Campbell até verdadeiros ícones culturais do nosso mundo como as calças de ganga da Levi’s ou as malas da Louis Vuiton.

Por cá, também não ficamos atrás, pelo contrário seguimos o que de moda e tendências aparecem mundo adentro, tanto assim é, que uma das marcas identitárias do angolano é banga. Angolano que é angolano gosta do bom e do melhor, neste pacote obviamente não podia faltar a vestimenta e acessórios. Recordam, não sei se com exageros a mistura, o angolano imigrante em Portugal que ia a obra de fato e gravata, deixando de lado seus colegas operários africanos e disputar pelo menos na aparência o lugar de boss.

A maneira como se veste pode determinar aspectos do ser e do estar de quem usa determinada roupa, isto é, a roupa vai dizer-nos se determinada pessoa é conservadora ou liberal, posição social, faixa etária, situação económica e a lista continua por ai em diante.

O movimento na indústria angolana não é diferente, nomes como Elisabeth Santos, Shunnoz e Tekassala, Lizeth Pote no estilismo, de modelos como Fredy Costa, Ngunza José, Karina Silva e Sharam Diniz, eventos como o Moda Luanda, Angola Fashion Week e Bellas Fashion, agências como a Step Models ou a Mangos são marcas do nosso movimento cultural, mas propriamente ligados a moda.

Quanto ao que se veste e como se veste o angolano é um caso especial porque aqui tanto se veste a rigor as vezes até exageradamente, como se procuram look’s despojados ou arrojados, por aqui segue-se a tendência no uso de cores vivas e chamativas como estampados, não há preconceitos, passa-se mesmo a ideia de que somos abertos ao mundo.

Os criadores e pessoas ligadas a área defendem a existência de uma indústria têxtil como forma de agregar valor aos seus produtos e aumentar o PIB do país, que se torna diminuto pela cultura dos fardos ou roupa usada, resquícios das ajudas humanitárias, as muambeiras com os seus produtos que vêm desde o Brasil, Estados Unidos da América, Portugal, África do Sul, Emiratos Árabes Unidos até a China, a existência de boutiques das mais sofisticadas no Belas Shopping, as mais simples numa rua qualquer de um bairro de Luanda.

O resto do país parece seguir aquilo que se usa em Luanda, numa lógica tal pai tal filho, o mesmo é dizer que os jovens vestem skinny jeans, os funcionários roupas que destacam as formas do corpo, as mamoites panos do Congo, os papoites os habituais fatos, os governantes as famosas goiabeiras que nunca saem da moda, lembrando o tempo do partido único, e a diversidade continua ao gosto e bolso de cada um.

Anunciam os gurus da moda que abundarão nas lojas tons mais quentes com motivos floridos anunciando a volta da revolução hippie durante a guerra fria, senão em mentalidade pelo menos no vestir, mas eles recomendam que cortes modernos se impõem.

Quanto a nós certamente que escolheremos não só movidos pelo consumismo mas também procurando conforto e bem-estar e ter uma aparência não só elegante, mas também que identifique a nossa maneira de ser e estar no mundo, numa atitude de sou o que visto porque já dizia alguém: ‘mais do que ser, parecer.’

Por: Nobre Cawaia