segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Ano Novo Próspero - #SóQueNão



Finda a quadra-festiva, ou seja, a época de festas, além claro do balanço económico que se faz ou pelo menos se devia fazer; porque as receitas aumentaram exponencialmente com o subsídio de Natal e bónus disso e daquilo para quem os tiver (é que nisso de bónus não estamos todos juntos, nem misturados), as despesas essas também não deixam nada a dever. Aliais, não existe época qualquer ao longo do ano que rivalize em termos de consumismo; bacalhau e passas à parte, a verdade é que se os perus não forem sacrificados há sempre farinha, leite, ovos, margarina e açúcar acrescidos dalgum sabor a qualquer coisa, ou especiaria rara (para os finórios) para adoçar a vinda de Nosso Senhor ou o champagne (seja em rigor ou J.C. Le Roux) para boa-sorte no ano que vem.

Uma faceta não menos importante é a da carga de presentes que se dão e se recebem (apenas no plano ideal), porque entre amigos ocultos com prendas de baixo escalão (se aparecerem), a frustrarem expectativas de crentes neste galanteio muitas vezes forçado e os sempre obrigatórios presentes infantis, impostos por uma crença num qualquer barbudo voador de trenós movidos à renas, ficamos sem saber se o simbolismo afinal tem valor ou não. E, por favor nada de valor simbólico, tem mesmo de ser pecuniário, porque onde é que já se viu trabalhadores de multinacionais ou altos funcionários do aparelho do Estado, com prendas simbólicas que não rondem em Kwanzas pelo menos à duas dezenas de milhares?

Mas enfim... A vida é mais do que fartura, ou para ser mais crente; é mais do que praticar numa só época todo o catálogo de pecados capitais; pius a gula nunca foi tão lícita em todo o ano no calendário gregoriano (façam os devidos acertos nos calendários chinês, árabe ou azteca que dará no mesmo = gordura e açúcar a mais); a indústria do emagrecimento agradece.

Continuando, o melhor que se faz nessa época, além do amor instantâneo e espontâneo a condizer com os sininhos e as luzes é o balanço, sempre oportuno do ano que termina e a perspectiva do ano a seguir. Convenhamos que aqui contamos com a sempre pronta ajuda dos livros de auto-ajuda, dados como prendas ou talvez comprados, teologia da prosperidade dessa fé pop, optimismo comercial, palestras de motivação e todas essas coisas que afirmam que só não será bem sucedido quem não quiser; mesmo quando todas as probabilidades indicarem o contrário.

Os desejos de Ano Novo são ambiciosos e eloquentes, são sedutores e puros, como se os anos per se trouxessem prosperidade, paz, amor e sucessos.

SÓ QUE NÃO! Afinal passados 12 dias do Ano Novo, continua a haver pouco dinheiro, amor, felicidade e tudo o mais que foi desejado reciprocamente, com doses cavalares de hipocrisia ou não. Na virada, não virei, ainda bem... Resta saber como se opera, o processo de mudança se afinal as simpatias com fogos-de-artifícios, roupas brancas e contagem decrescente a mistura servem para o quê?

Também há daquelas pessoas que para carinhosas gerais só mesmo no final do ano; o carinho delas é sazonal, funciona à 14 de Fevereiro para os namorados, 19 de Março para os pais, segundo domingo de Maio para as mães, 1 de Junho para crianças e nas datas de aniversários dalguém senão for esquecida, (são os mesmos que ficam patriotas quando há vitórias da selecção de futebol) assim o frenesi do carinho faz muito sentido; amor a espalhar para tudo e todos, todo organizadinho em datas e tal.

Bom; há quem também para planear e balancear use apenas esta época, nada contra, nem favor... Cada um que faça esse exercício na data que melhor lhe convier, a bem dizer as vezes e quase sempre é mesmo necessário parar para observar e planificar, para quem não 'deixa a vida lhe levar'; seja no princípio ou no meio do ano tanto lhe faz, como lhe fez... Mas penso que havendo ou não tsunami, com ou sem eleições gerais, parece que os anos enquanto unidades de medição do tempo são indiferentes à sorte ou ao azar.

2015 será melhor, se trabalharmos mais, e se as circunstâncias permitirem, é que o petróleo está a ser transaccionado muito abaixo das 'nossas' previsões. Embora convenhamos que a ligação entre o petróleo e a felicidade não está ao alcance de todos. Bom Ano!


Nobre Cawaia

1 comentário:

  1. Bom ano companheiro amigo!
    Gosto quando estás bem disposto e escreves!!!
    Senti-me identificado nalguns trechos e percebi conteúdo e profundidade no escrito, congrats.
    O Povo (e o petróleo) não ajudam páh... Os primeiros vivem pedindo mudanças, mas não mudam!
    Plantam limoeiros e exigem colher caipirinhas... Com muito gelo e pinga.
    Hummm

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