sexta-feira, 13 de setembro de 2013

MEDIOCRIDADE

Há muito que um pensamento martela os meus neurónios - talvez agora se explique muitas coisas no meu comportamento -, além disto a ideia já foi exercitada em inúmeras mutambas de 'chatos' como eu - 1 Coríntios 15:33 - Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes  -, as vezes com graça, entretanto na maior parte delas com pesar. É uma preocupação legítima e na minha opinião pode já configurar uma preocupação de Estado, esta ideia é partilhada por um certo grupo de cidadãos além dos que comigo privam (e agora publico), que são de opinião que já é uma questão política de alto nível, há que se ter coragem e determinação para enfrentarmos este grave problema.

Este problema há muito que deixou de ser conjuntural, agora é mesmo estrutural e a velocidade cruzeiro vai se tornando cultural; daí a passar por desculpa de que é da nossa génese, maneira de ser e de estar... são dois passos: - Há porque, angolano é 'mbora memo' assim!

O pensamento, que passou a problema, depois preocupação e agora questão em análise, é estrutural porque está na base, bem no começo da obra, e notem que a obra aqui sem muito esforço entende-se em sentido duplo, num primeiro momento no sentido próprio e num segundo no sentido figurado; afinal estamos num país-canteiro, este canteiro que é de obras, sem nos importarmos de que material são feitas, se atende as nossas dificuldades objectivas ou subjectivas, se bem que em boa verdade são imensuráveis os ganhos políticos no meu, no dizer dos outros e todos. Deixemos as obras que como previamente referi são mero exemplo, tendo obviamente em devida nota o sentido polissémico (é importante chamar atenção, as vezes as pessoas de per se não notam esta refinada e novíssima, ao mesmo tempo que subtil técnica de expressão).

Retomando ao alicerce, as fundações ou começo de obra, para fundamentar o entendimento de que se trata de uma questão estrutural atentem ao seguinte raciocínio: somos um país a nascer, sim porque 38 anos de independência para um país é o equivalente ao início da puberdade numa pessoa. Sobretudo, quando temos um país com valores difusos, os próprios que muitas vezes não sabemos quais são, os dos outros que primeiro foi imposto, agora também pode ser imposto só que de uma maneira mais camuflada e pensamos que escolhemos livremente. Não sabemos quase nada sobre a vida, certo é que há debutantes e debutantes, uns mais espertinhos do que os outros e para não ser megalómano nem panco, vamos considerar Angola um adolescente-país normal, ou seja, nem muito bom ou tanto mau.

Os adolescentes caracterizam-se por estarem em aprendizagem contínua, não só por imitação como as crianças, mas sobretudo por começarem com a associação de ideias e a feitura das escolhas com base no raciocínio, embora o fervilhar - exclusivamente em sentido figurado - das hormonas interfira neste processo, embora (propositadamente repetido) esta interferência hormonal seja necessária para a formação física e mental da pessoa. E como o nosso país, o entendimento das suas gentes sobre as coisas do Mundo é básico, primário, inicial, não somos um adolescente-país génio - lembram-se do nem muito bom ou tanto mau?-.

Até aí problema nenhum, pois todos perdoam alguns erros da adolescência, porque ninguém nasce a saber... O problema, questão, pensamento e preocupação - a  ordem é aleatória - prende-se com duas razões: a ignorância e a pseudo-sabedoria, a primeira é petulante é atrevida mas perdoa-se-lhe a ingenuidade; a segunda e mais preocupante é arrogante disfarçada na hipocrisia ou pior pseudo-humildade - sim, o pseudo do pseudo -. E já explico: as pessoas leem três folhetos de literatura de cordel e já se acham entendidas em literatura, escrevem dois versos e se sentem poetas, tocam dois acordes e desafiam Santana, gravam dois vídeos e acham-se merecedores de um Óscar, e podia passar o texto todo a buscar exemplos, como o do estudante universitário que acha que é Lavoisier sem perceber a regra dos três simples, ou Platão, sem entender a 'alegoria das cavernas'.

Apoiamos o poder de iniciativa e o esforço(?) dos empreendedores, mas desencorajamos vivamente a mediocridade, usando padrões a qualidade é medida; aventurar-se é bom, porém é igualmente bom conhecermos os nossos limites e capacidades sob pena de passarmos por palhaços na igreja, ou seja, ser puro sacrilégio.

Quando perante estes egos inflamados de pouco conteúdo, pergunto-me sempre se estou diante do tipo ignorante - o que exigirá uma atitude pedagógica - ou do tipo pseudo-sábio - que exigirá uma atitude mais drástica -. E depois essa mania das grandezas sem ser nem ter, eleva-se a ponto de comprometer toda a Nação, daí sem pretensão alguma alertar que devemos ter cuidado.

Palavras simpáticas de encorajamento para um certo dom, não devem ser tomadas como créditos suficientes para transformarmo-nos em gurus da área, pelo contrário exigem mais responsabilidade e as críticas dirigidas ao nosso 'trabalho'  não fazem do crítico o invejoso de serviço, nem sequer devem ser levadas para o lado pessoal, porque se o trabalho tiver mesmo qualidade ele vai vincar, embora muitas vezes vinquem sem qualidade - verdade, dura, nua e crua -, mas duvido que fiquem para a posteridade - é a esperança..-.

Era esta a preocupação, problema, pensamento e questão que tinha para compartilhar hoje, o caminho faz-se caminhando já dizia um qualquer autor, que não sei de quem se trata, por ora (não vou googlar para ser justo). Agora digam se esta preocupação é nacional ou não?